domingo, 1 de novembro de 2009

UM EMPURRÃOZINHO NO SEU SORRISO


Quem disse que os japoneses não têm senso de humor? Essa comédia japonesa me fez explodir todas as lâmpadas de casa. Filme de 1997, do diretor japonês Kôki Mitani.

Para baixar, basta clicar no link abaixo.

TORRENTE E LEGENDA

(Atenção: é preciso ter instalado o programa utorrent)

Se está difícil rir, talvez esse filme ajude, pois o que ri com ele daria para iluminar todo o Distrito Federal durante quatro dias. Trata-se de uma comédia francesa deliciosa do diretor James Huth, produzido em 1998.

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TORRENTE E LEGENDA

(Atenção: é preciso ter instalado o programa utorrent)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A título de marolice: acho que sou um E.T

Anh.... A marola da mesmice... Como são fartas as possibilidades de se entediar com as conquistas e o enquadramento... Tudo tão fútil e mecânico. Tudo de plástico. Sem vida... A pior das invenções foi a etiqueta e as boas maneiras. Uma coleção de regras para excluir a vida real, o sangue, o vento nos cabelos e a música. A vantagem que há nisso ainda não consegui descobrir, mas é certo que a exclusão afirma a sensação de poder e superioridade de uns sobre outros... Comportamento um tanto quanto peculiar ao ser humano... Apesar da ciência disso, às vezes ainda me culpo por questionar tanto essas coisas e me sentir tão alheia ao mundo dos meus semelhantes. Acho que sou um E.T. Só queria mesmo era descobrir o telefone da minha casa...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Mulheres maravilhosas!!!

A fundadora da Casa do Índio em Oriximinã me disse que ela não se aposenta porque gosta de trabalhar e porque se deixar o cargo, os índios choram... Engajada na luta pela causa indígena há 30 anos, ela diz que a lição mais importante que aprendeu no convívio com as diversas etnias foi a necessidade do ser humano de aprender a ouvir. Temos dois ouvidos e uma boca... Os índios sabem ouvir e assim adquirem sabedoria. Ela tem filhos, netos e idade, mas não se aposenta... Tem energia e paixão pelo seu trabalho... E prefere assim... Viva, ativa, lutando pelo que acredita... Linda, de bata vermelha indiana com flores bordadas e um coração maior do que olhos podem expressar... Ivânia tem 51 anos e cara de 35. Inacreditável!! Descolada, bem-humorada e idealista, trabalha no Sistema Único de Saúde há vários anos e participa ativamente de diversos movimentos sociais locais. Diz que sempre questionou as injustiças sociais, sem saber bem o motivo e que o primeiro reflexo desanimador de sua inquietação se traduziu aos 19 anos de idade, quando recebeu um abaixo-assinado do pequeno município onde trabalhava (e reclamava seus direitos com notoriedade) pedindo a sua transferência de cidade... A não-hipocrisia incomodava... E como! Valdimara quem o diga! De espírito forte, livre e marcante, acompanhou as causas sociais desde que se entende por gente e ainda adolescente queria porque queria entender que raios significava o tal do comunismo do qual tantos maldiziam e perseguiam... Mas ninguém respondia... Não se podia responder... Por um lado era bom que fosse assim, caso contrário ela teria se enfiado em uma guerrilha dessas muito nova, em nome do povo, dos excluídos e do bem geral da nação... Cinquenta e seis anos, cara de trinta e oito. Longas madeixas cacheadas, um senso de humor e alto-astral de dar inveja a qualquer psicólogo políticamente correto. Psicóloga, mãe de uma filha e dona de uma enérgica e grave voz que nunca se cala. Assim como estas três pérolas que tive o imenso prazer de conhecer, diversas mulheres maravilhas desse naipe estão por aí pelo mundo a mostrar a verdadeira essência da alma feminina. A força e a sensibilidade que o mundo pôde ver após anos de batalhas pela igualdade de gênero, que parece ser destruída cada vez que uma bunda dura de uma dessas mulheres-abóboras aparece na tv, parece triunfar silenciosamente enfim. Pena que isso não é notícia de tv, nem aparece nos programas de auditório. Pena que a imagem seja o valor do novo milênio. Pena que as verdadeiras mulheres estejam anônimas, dentro de hospitais, escolas, repartições públicas, ônibus e pelo mundo afora. Pena que nossas mulheres maravilhosas estejam assim, disfarçadas... Mas para alívio de minhas angústias femininas coletivas, elas são de verdade!
P.S.1: Para preservar a integridade das mulheres citadas no texto, criei nomes e lugares fictícios. O resto (o que interessa) é tudo verdade.
P.S.2: Digitei no google imagens "mulheres maravilhosas" e só apareceu melancias, abóboras e afins.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

VAGALUMES... PIRILAMPOS...

Céu de pirilampos, dentro do quarto da casa flutuante de madeira... Solimões... Lamacento, bravo, misterioso... Grandioso... Sacolejo de água e barulho de grilo... Noite silenciosamente barulhenta... Quantidade de vida ao redor amedrontadora... Medo confortável... Medo bom... Tanta vida Deus do céu... E a gente também é vida... Então tudo é uma coisa só agora... Todos na mesma barca... Pensamento limpo, vivo, desperto... Lucidez... Consciência de grão de areia... Humildade... O amor existe realmente... Alguém está por trás de tudo isso... Não há mais dúvida... Nunca mais haverá... Certeza absoluta temporária... Poeiril... Volátil... Mas certa, soberana, plena... Por segundos.... Um céu particular homenageando o desvelar do maior segredo e o despertar infantil da fé... Simplicidade... Meu peito dói de arrependimento em algum dia ter ousado duvidar da plenitude da simplicidade... Da singeleza do olhar... Da beleza de um céu de vagalumes piscando só prá mim, escondida nos lençóis gelados naquele colchão plastificado e úmido. Cada respiração sonora e presente, cada passo, cada folha seca, cada vôo de peixe, de inseto, de pirilampo... Como são lindos meu Deus... Como imitam direitinho o céu... Constelações sinuosamente dançantes, rítmicas, transcendentes... Queria tê-los assim, numa caixinha prá levá-los aonde quer que fosse, tendo a certeza de que nunca perderia esta sensação na memória de meus esquecimentos... Maldade boba... Mas prá se ter paz será que é preciso fazer uma maldadezinha também? Queria fechar os olhos e voltar lá... Pegar minha canoa e sair a noite prá ouvir a sinfonia da mata... Pura... Plena... Soberana... Queria voltar prá esse colchão plastificado de onde arranquei toda minha fé... Toda minha alma... Viva, madura, certa, segura, corajosa... A mata é corajosa e assim aprendi a ser... Queria voltar lá. Viver lá... A gente precisa de tão pouco prá viver... Dói isso aqui... Por que nos distanciamos tanto da beleza das coisas... Da simplicidade da vida... Vagalumes dançando no teto... Vou voltar lá um dia com minha filha e mostrar a ela o lugar onde tudo faz sentido... Onde tudo se encontra... Onde a fé nasce e o arrependimento corrói as veias do coração, não deixando nenhum sangue ruim passar prá nossa cabeça nos fazendo duvidar da singeleza, da simplicidade e da beleza da vida... Um dia... Novamente... Aqui dentro... Vagalumes... Pirilampos...

sábado, 25 de abril de 2009

O QUE NOS RESTOU?

O que é mais confortável? O que faz mais sentido prá vc? A correria cotidiana talvez remeta a pódiuns de status materialmente privilegiado para alguns... Para outros tantos não concede status, porém alivia as carências materiais e proporciona o justo gozo de pequenos prazeres, ocasionalmente... Para uns isto é suficiente. Para outros isto é mecânico e vazio... Mas o que importa o quão cheia de espaços vazios está a vida humana? Desde que a existência se tornou essencialmente o ato de reproduzir o que foi aprendido pelas gerações anteriores, pouco importa os mistérios da jornada humana no planeta e o sentido da existência. E isto realmente não tem muita importância no dia-a-dia. Do ponto de vista científico, houve grandes avanços nas descobertas de fósseis que comprovam nossa ancestralidade essencialmente negra, nas pesquisas de curas para epidemias e patologias crônicas; na velocidade de disseminação de informações, nas telecomunicações, na alta tecnologia de exploração do espaço extra-terrestre... Do ponto de vista psicológico, ponto do qual me atrevo a dar alguns pitacos por ser assunto de meu interesse e curiosidade de longa data, o inconsciente coletivo parece agir de forma magistralmente mecânica. A maioria dos dias são muito parecidos e o tempo vai passando com o reforço de nossa pequenez e impotência diante da sistemática da vida... Pensava que a vida não era assim, sistemática... Achava que poderia ser feliz um dia, plantando batatas, salsa, cenoura e alface. Vivendo da terra. O que mais nos seria tão mais necessário? O ser humano criou uma série de artefatos, coisas e costumes tão arraigados em nossas cabeças que perdemos nossa essência. Perdemos a relação temporal com o planeta, a relação de claridade e escuridão, a relação de pertencer ao planeta como criatura, como ser vivo.... De pisar com os pés descalços no chão e sentir a terra entre os dedos. De sentar embaixo de uma árvore e se sentir abraçado e protegido. De tomar banho no rio e sentir o cheiro dos minerais e ver as cores dos peixes... De ouvir o canto dos bichos e saber que horas são... De conhecer o formato da copa das árvores e isso ser uma referência de localização, tanto quanto uma placa de trânsito... De perceber a presença de algo ameaçador pelas costas por simples aproximação... Parece que nossos instintos nos traem o tempo inteiro... Nos enchemos de coisas e mais coisas o tempo inteiro... Sufocamos nossa alma com troços, informações, coisas e só o que nos retorna é uma vida vazia, com propósitos vazios, vagos, sem sentido... Emburrecemos. No decorrer de nosso aparecimento neste planeta fizemos uso de nossa inteligência, descobrimos a roda, a pólvora, a luz elétrica, as microondas, o foguete e a internet... Provamos ao mundo e a todas as criaturas o quanto somos bons e inteligentes. Homo sapiens sapiens... E agora... Toda nossa pressão parece ter esgotado enfim a capacidade de suporte do planeta... Sentimos calor quando deveríamos sentir frio, ou mais frio do que deveria, chove muito onde antes não chovia, onde deveria chover não chove... Onde tinha planta, tem concreto e onde ainda não há concreto, certamente, em breve haverá... E na cabeça de um cidadão simples, comum, pode às vezes vir como um lampejo de lucidez, um questionamento incidental sobre seus verdadeiros propósitos... Mas, o que é verdadeiro? Nietzchie se remexerá no além tumúlo ao ouvir tamanha idiotice, afinal, não existe verdade. Mas creio que, essencialmente, de alguma forma, deve existir algo que é de fato uma representação de nossa origem e do que deveríamos fazer bom uso por simples sensatez. Nossa origem é comum a de todos os seres, então o que nos distancia tanto da simplicidade da vida e das coisas? O que fizemos com a nossa existência? Por que viramos essas criaturas-coisas e nos enchemos de objetos? Podemos tentar sair dessa correria desenfreada que criamos e desacelerar nossos passos... Poderíamos tentar voltar ao campo, voltar à mata e lutar contra o andamento do mundo inteiro... Não seria tarefa fácil e aliviaria esta crise de propósitos de forma pontual... Antes, é claro, de sermos completamente rechaçados do ambiente natural pela fragilidade de nosso organismo. Definitivamente, não é assim que caminha a humanidade. Então poderíamos parar de correr e continuar a sobreviver nas sociedades que criamos... Ficar num marasmo com toda a demanda de informações e bombardeio de consumo relampeando nossas cabeças por todos as direções, tempo e espaço... Estaríamos fora da jogada... Porém cheios de ideais. O negócio seria conseguirmos ser felizes assim, cercados, por todos os lados, em todos os lugares, durante todo o tempo... Não vejo muitas alternativas e é com pesar que aqui declaro uma sensação de perda total... Perda da consciência, perda de motivos, perda de perspectivas e perda de esperança. Só não perdi ainda a vergonha. É tudo o que me resta. Talvez o que haja em comum a todos nós, mulheres e homens contemporâneos, independente do tipo de vida, ideais e crenças, seja apenas nossa solidão...

terça-feira, 24 de março de 2009

O EVANGELHO SEGUNDO SALATIEL



Sara casou com Abraão
num dia de santo rei.
Três dia após o casório,
Gandhi recebeu um e-mêi,
onde Agar comunicava
que a patroa emprenhada
deu a luz naquele mês.

Três reis magos lá chegaram
montando uma bicicleta
e entoando a marselhesa
sua canção predileta.
Quando avistaram Abraão
entregaram a saudação
do Saci, príncipe de Creta.

O rei D. Pedro levou
pra criança um banzai,
pra Sara um espartilho
e de presente pro pai
uma maquete da bastilha
que ele comprou em Brasília
na feira do Paraguai.

A criança era Jesus,
virtuoso e ativista.
Aos treze fugiu pra Cuba
pra se tornar comunista.
Transformava gato e boi,
e vinte anos depois
foi fichado na polícia.

Mas fugiu para o Brasil
no lombo quente d'um burro,
disfarçado de judeu,
cabelo grande e barbudo.
Quando apeou no sertão
botou pra correr o cão
dos arredó de Canudos.

Graduou-se à distância
em Oratória Funesta.
Perseguindo a vocação
fez um curso pra Profeta,
botou um roupão de 'nhagem
sem jóia, sem maquiagem,
sem riqueza e sem cueca.

Fez fama nas redondezas
pelas coisas que falava
dentro da mente de todos
seu perfil se agigantava.
E em sua prosa segura
o povo viu a figura
do Messias que esperava.

No sermão em Chorrochó,
mais de mil gente se aninha
ao redor do santo Cristo,
entoando ladainha,
pra ouvir que a terra dura
há de virar rapadura
e o pó virar farinha.

Falava ao povo pobre
que o mundo se escafedia,
que sobre o Cocorobó
a lua despencaria,
e a cabeça do pagão
entre as meada dum pão
o diabo comeria.

Um cangaceiro chorava
Abraçado ao seu fuzil
numa emoção tão grande
que chega a fome fugiu.
Nesse dia um aleijado
levantou emocionado,
mas o coitado caiu.

E a fama de milagreiro
Pelo sertão se espalhou.
Diziam que em plena seca
no céu azul trovejou,
e que apareceu nos galho
das árvores um orvalho
quando o santo espirrou.

Alguns levavam nas costas
uma grande cruz de enfeite,
outros cingiam na testa
um pouquinho de azeite.
Nesses dias de emoção
foi tanta fé no sertão
que choveu café-com-leite.
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[Fragmentos extraídos do cordel O Evangelho Segundo Zé Limeira, de Salatiel Ribeiro]