segunda-feira, 16 de junho de 2008

O BURACO...


Tenho andado à procura da cura prá toda essa falsidade, o buraco não é falso, essa falsa presença, o buraco não é falso, essa falsa alma, o buraco não é falso, essa falsa ânsia, o buraco não é falso, esse falso amor, o buraco não é falso, essa falsa vontade, o buraco não é falso, esse falso ardor, o buraco não é falso, essa falsa busca, o buraco não é falso, essa falsa falta, o buraco não é falso, essa falsa grandeza, o buraco não é falso, essa falsa alegria, o buraco não é falso, alegria vazia, o buraco é vazio, sem amor, o buraco é indiferente, sem alma, o buraco é desalmado, sem graça, o buraco é seco, superficial, o buraco é profundo, babaca, o buraco tem raiz, farsante, o buraco é o buraco, trapaceira, o buraco é nu e cru, de alguém que nem viveu, o buraco já morreu... mas já tá no buraco... O buraco é de verdade... O buraco é de verdade.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Jamming with the Baka in the Rainforest

Uma das coisas mais lindas que já vi na vida!!!!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

MARRONZINHO: SONHANDO NO CAOS

Tive uma visão tão esquisita e comovente hoje ao passar pela Av. Boulevard Álvaro Maia, que resolvi registrar. Não ando muito atraída por animais ultimamente, até prefiro não tê-los para me economizar trabalho, tempo e energia, mas Marronzinho tocou minha alma duma maneira quase humana. Passei de carro em frente a um bar bem muquifo e um cachorro marrom estava deitado na rua em frente ao bar, perto do meio fio, desafiando a própria vida dum jeito tão tranquilo que fiquei impressionada... Tinha o pêlo tão brilhante que se não fosse a sujeira, diria que tinha uma casa e um dono. Ele estava deitado de bruços com a cabeça sobre as dianteiras e as traseiras bem relaxadas, assim esticadas no chão... Uma caaaaalma... A ponto de perder a cabeça esmagada por algum louco distraído ou perverso a qualquer momento. Em que será que pensava? Imaginei que talvez estivesse sob o som inconsciente da 9ª Sinfonia de Beethoven, em uma espécie de paraíso dos cachorros, em um campo de flores amarelas enorme, estendido até onde a vista alcança, com vários cachorrinhos e cachorrões, brincando e dançando sublime ballet em câmera lenta, assim muito leve e devagar.... Que sonhos caninos o adormeciam? Que bons fluidos o acalmavam em meio ao caótico trânsito de carros, motocicletas, ônibus, caminhões e bicicletas?? Que anjos canídeos o protegiam? Que fé animal o mantinha tranquilo e vivo?? Não sei se Marronzinho teve um fim, mas resolvi dar-lhe o nome, prá nunca me esquecer dele... De sua coragem e tranquilidade em meio ao caos. Olhei-o por segundos apenas, mas sua imagem será eterna em minha lembrança...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

AOS AMIGOS DA ONÇA...

Parte I
Aos maliciosos, meu desprezo.
Aos oportunistas, meu silêncio.
Aos invejosos, minha piedade.
Aos rancorosos, meu abraço.
Aos traiçoeiros, meu perdão.
Aos venenosos, minha gargalhada.
Aos pequenos de alma, minha nobreza de coração.

Parte II (na TPM)
Aos maliciosos, um soco no olho.
Aos oportunistas, um tapa na boca.
Aos invejosos, um grito no ouvido.
Aos rancorosos, um peido de ovo e salame.
Aos traiçoeiros, um cd do Wando.
Aos venenosos, um mousse de alitche.
Aos pequenos de alma, um pontapé no traseiro.

Ana Raquel Camões Moura Brasil de Assis Chapolin

LOUCURA

"Não, não há na terra nem alegria, nem felicidade, nem prazer que não venha de mim. Vede, primeiramente, com que previdência a natureza, essa terna mãe do gênero humano, teve o cuidado de semear em toda parte o condimento da loucura! Pois, segundo os estóicos, ser sábio é tomar a razão como guia; ser louco é deixar-se levar ao sabor das paixões. Ora, Júpiter, para suavizar um pouco as agruras e os desgostos da vida, não deu aos homens mais paixões do que razão?"
Erasmo de Rotterdam

domingo, 11 de maio de 2008

PLENITUDE

"Agora me lembrei de que houve um tempo em que para me esquentar o espírito eu rezava: o movimento é espírito. A reza era um meio de mudamente e escondido de todos atingir-me a mim mesmo. Quando rezava conseguia um oco de alma - e esse oco é tudo que posso eu jamais ter. Mais do que isso, nada. Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu - a meu mistério."
Clarice Lispector

quinta-feira, 8 de maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

sábado, 3 de maio de 2008

RAZÃO DE VIVER

Acho que talvez não entenda bem o funcionamento dos fatos na vida cotidiana. Talvez nem deva tentar entender mesmo. O fato é que a cada dia, cada vivência traz consigo um caráter essencialmente causador de uma insustentável dureza do ser. Sim. A isto os acadêmicos denominariam condicionamento operante ou aprendizagem por estímulo negativo, talvez Pavlov tenha algo a ver com isso, se não me falha a memória. De tanto tomar na cabeça estou ficando dura, medrosa. Decepcionada com minha tosquice e com o velho pensamento machista que domina a ordem das coisas. Não vou aqui ficar divagando sobre relacionamentos ou a ordem social estabelecida, mas ilustrando apenas o quanto estas coisas dentro de determinado contexto podem torrar verdadeiramente o saco de alguém. Prá quem está com a vida ganha isso pode ser ótimo. Tão divertido como ir a um parque aquático aos domingos escorregar no toboágua, ouvir pagodim e comer coxinha frita engordurada na cantina. Mas prá quem está passando por maus bocados tentando um espaço profissional no mercado, criando filhos, pagando aluguel, prestação de automóvel, mensalidade escolar, dentre outros, um relacionamento se torna, no mínimo, uma demanda. Mais uma coisa a se resolver em meio ao turbilhão informativo e tecnológico que o homem atual precisa digerir para sobreviver. O meu saco está um tanto quanto bem passado. Tenho vontade de ficar encolhida num canto esperando a maré baixar. Assim, virando besouro. Se tem algo na vida que tenho certeza, além da morte, é de que vale muito a pena rir de toda esta badalhoca. Uma sessão de risadas equivale a diversos abdominais e libera endorfinas, maravilhosos paliativos contra o pessimismo e a depressão. É isso aí. Sem falar na possibilidade de adquirir uma cinturinha de pilão. Rir de si mesmo. Rir da desgraça. Fazer chacota com o sofrimento e malabarismo com a pequenez humana. Esta deve ser, enfim, a razão de viver.