sábado, 2 de julho de 2011

Gralhas e Migalhas

Ora grande... Ora pequena... Às vezes o respeito pelo ser humano nos proíbe a alma de fazer qualquer crítica, qualquer correção... Mas existe uma forma de se comunicar sem que haja equívocos intencionais aparentes. Olhar nos olhos do interlocutor mostra o intuito, revela o jogo. Mas não é qualquer olhar à toa, não. Tem que ser aquele olhar de alma de irmão que não demonstra outra intenção senão a que é perceptível ao invisível. Não há engano. Dúvida tampouco. Isso é tão maravilhoso e confortável porque o que move o andar da civilização é a dúvida... E a dúvida ao mesmo tempo que impulsiona traz uma imensidão de possibilidades e de meias-verdades... É tão bom ter atitudes que não falham... O repeito ao outro não falha. Ser humano não falha, nunca, nunca... Por mais que existam possibilidades de recebermos em troca o desrespeito e a ignorância, pode-se ter a consciência tranquila de que usamos a docência em benefício comum. Mas mostrar o olhar não mostra necessariamente a intenção. Mostrar o olhar que sente intenção realmente revela qual é a intenção. Não tem balela, conversinha fiada, diplomacia, boa vizinhança. Só respeito pelo outro. Pré-requisito básico à sobrevivência com as gralhas que se matam por algumas migalhas de pão e por um lugar ao Sol. O Sol nasce prá todos, mas há aqueles que querem seu brilho todo prá si. Afinal, prá que servem as migalhas se todos trilham um caminho que dará em um lugar melhor ao final? Não digo isto por convicção religiosa, político-partidária ou filosófica. Apenas porque meu coração acende uma luz quentinha toda vez que sou mais gente com qualquer gente. Queria correr o mundo conhecendo gentes, apesar de sempre me esconder delas quando sinto que meu respeito não foi retribuído, ou quando sou tão tola ao ponto de não perceber maldade, inveja e malícia vinda de uma gralha qualquer... Daí me recolho até que uma boa ação em minha direção me prove que apesar de todos os percalços, é preciso paciência e sabedoria com as gralhas... Porque não aspiram nada mais do que migalhas... Que se matem por elas... Mas se um dia precisarem de mim, contem com minha solidariedade e com meu mais sincero olhar de respeito. Não por serem gralhas, mas por carregarem potencial de serem gente. Isso é tudo que posso oferecer atualmente por enquanto... Isso é tudo que aprendi. Interações entre minhas experiências e fracassos, constatações, medos, alegrias, amores, desamores, loucuras e saudades. Antes meu olhar era de menina. E agora continua sendo. Não brigo por migalhas. Mas em minha direção, só quero olhar de alma.