domingo, 29 de agosto de 2010

Amor X Ego



Por que é que gente tem medo de amar? Medo da entrega, medo de enxergar que o outro não é o responsável pela própria felicidade? Medo de estar subjugado? Medo de estar aquém ou além? Medo de ser dominado? Medo de ficar com cara de bobo achando o amor o ser mais lindo do planeta? Medo de acordar de manhã enroscado no outro, de cabelo desgrenhado e olho inchado, sentindo o quentinho da pele e o cheiro natural do sono? Medo de uma noite maravilhosa ao som de uma música romanticamente brega? Medo de amar ser uma coisa meio ridícula? Medo de deixar o coração dominar a mente? Medo de cair e de se machucar? Medo de ceder? Medo de admitir as falhas? Medo de perceber que uma briga não é um duelo e que um recuo ou um ataque de beijos pode solucionar grandes problemas? Medo de sofrer? Afinal de contas, qual é o nosso problema? Por que lutar tanto contra o amor? Nosso ego deveria andar numa coleira, ao nosso lado, sob constante controle. Porque ele existe para garantir o amor-próprio e para isso deve nos acompanhar. Somente. O ego é uma merda porque exclui as possibilidades de transformação da alma e fortalece as muralhas de aço que vamos construindo ao redor de nós mesmos para encobrir as feridas da vida. E ainda reclamamos da falta de amor... Se quando ele bate à nossa porta tratamos de expulsá-lo veementemente em uma afirmação de absoluta dispensabilidade, inutilidade e estupidez. A covardia humana me assusta. E me entristeço em comprovar, mais uma vez, que nosso ego vive a travar uma eterna e estúpida guerra contra o amor.

Esconderijo



Vou me esconder. Fechar esse portão e pendurar um pano do exército de fora a fora prá ninguém enxergar minha perna lá da rua. Não tô em casa. Não tô prá ninguém. Gosto dos animais, de ver as formigas carregando as folhas verdes. Ganhei um cachorro, dei banho, tirei os carrapatos, escovei e fiz uma comida caseira prá dar de almoço. Mas a vizinha reclamou que ele latia demais. Tive de mandar embora. O cachorro foi embora. Meu filho também foi. E agora não posso mais cozinhar. Ele não podia esperar um pouco mais? Minha barriga dói e coça quando lembro que ele era eu. Nasceu daqui de dentro dessa barriga. E agora se foi. E agora não posso mais fazer comida. Como vou fazer feijão com essa dor que nunca pára de latejar aqui no meu peito? Como posso sorrir sem uma fita adesiva grudada nos cantos da minha boca? Como se sorri quando a dor é funda assim? Não gosto de gente. Só de bicho. Um dia arrumo minhas trouxas e fujo daqui. Fujo prá uma caverna. Vou juntar um dinheiro e fugir. Só o suficiente prá chegar no meu esconderijo. Vou cuidar dos cachorros, das plantas, dos gatos e dos papagaios. Não quero ninguém que é gente perto de mim. Porque gente é bicho ruim. E essa dor ainda pulsando aqui dentro... Onde estará meu filho, meu pedaço de minha alma? Onde estará agora que Deus decidiu levá-lo prá longe da vida? Prá longe da mãe? Meu filho, que a luz da manhã te proteja e que toda a natureza conspire para que tua natureza livre e criativa continue a brilhar perto das nuvens, dos bichos e do planeta por onde estiver agora. Ajuda tua mãe a sarar essa dor, meu filho! Ajuda porque não resta muito de vida na gente quando o sorriso se vai. Ajuda, filho, porque o quintal da tua mãe vai fechar. Vou botar um pano do exército de fora a fora prá espantar os clientes. E prá dizer a Deus que eu tô aqui escondida na caverna que inventei. Esperando te ver entrar barulhento pela porta com orquídeas e bambus que achara no mato, cheio de idéias prá enfeitar nossa vida...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Maria Joaninha...


Joana é uma menina linda! Forte couraça, grande coração! É de menina o seu coração... Incompreensível a capacidade de caber tanta gente e amor num coração só... Grande mulher... Cidadã planetária, conterrânea de Júpiter com breve passagem pela Terra na imensidão do tempo e espaço infinitos... Lampejo de luz, alegria e vida! Chuva de meteoros como um dragão de fogo no céu... Imponente representação de grandeza de alma e pequenez de tolerância com a hipocrisia humana... Que espécie de criatura nos tornamos, criador? Não, não!!! Pára tudo! Pára esse mundo agora que Joana tá sofrendo... Sofrendo a falta das almas nobres e distantes, íntegras e singelas, puras de mente e livres de coração... Mas não há singeleza... Não agora... Porque um dragão quando se zanga pode queimar e soltar faíscas... Mas pode amar como ninguém jamais amou... Ah, minha Joaninha, irmã querida... Fica triste não... Quisera poder te pegar pela mão e pegar carona num meteoro errante desses qualquer no espaço a caminho do nosso planeta... Quisera ter metade da tua capacidade de amar indistintamente... E de ser tão honesta com a vida e seus princípios... Há de ser uma grande personalidade onde quer que vás... Mas lembra sempre, Joaninha, que a Terra crescerá com tua passagem. Não esmorece jamais! Porque um mundo muito bom e justo existe em algum lugar... E não há nada tão efêmero quando a vida na Terra! Fica em paz na tua essência! Porque algum dia... Voltarás prá casa, de todos os lugares, do agora e do sempre, cheia de alegria, estrada e histórias para contar!