sábado, 3 de maio de 2008

RAZÃO DE VIVER

Acho que talvez não entenda bem o funcionamento dos fatos na vida cotidiana. Talvez nem deva tentar entender mesmo. O fato é que a cada dia, cada vivência traz consigo um caráter essencialmente causador de uma insustentável dureza do ser. Sim. A isto os acadêmicos denominariam condicionamento operante ou aprendizagem por estímulo negativo, talvez Pavlov tenha algo a ver com isso, se não me falha a memória. De tanto tomar na cabeça estou ficando dura, medrosa. Decepcionada com minha tosquice e com o velho pensamento machista que domina a ordem das coisas. Não vou aqui ficar divagando sobre relacionamentos ou a ordem social estabelecida, mas ilustrando apenas o quanto estas coisas dentro de determinado contexto podem torrar verdadeiramente o saco de alguém. Prá quem está com a vida ganha isso pode ser ótimo. Tão divertido como ir a um parque aquático aos domingos escorregar no toboágua, ouvir pagodim e comer coxinha frita engordurada na cantina. Mas prá quem está passando por maus bocados tentando um espaço profissional no mercado, criando filhos, pagando aluguel, prestação de automóvel, mensalidade escolar, dentre outros, um relacionamento se torna, no mínimo, uma demanda. Mais uma coisa a se resolver em meio ao turbilhão informativo e tecnológico que o homem atual precisa digerir para sobreviver. O meu saco está um tanto quanto bem passado. Tenho vontade de ficar encolhida num canto esperando a maré baixar. Assim, virando besouro. Se tem algo na vida que tenho certeza, além da morte, é de que vale muito a pena rir de toda esta badalhoca. Uma sessão de risadas equivale a diversos abdominais e libera endorfinas, maravilhosos paliativos contra o pessimismo e a depressão. É isso aí. Sem falar na possibilidade de adquirir uma cinturinha de pilão. Rir de si mesmo. Rir da desgraça. Fazer chacota com o sofrimento e malabarismo com a pequenez humana. Esta deve ser, enfim, a razão de viver.

Um comentário:

Paço Tropical disse...

Seu desenho é obra-prima...
E o desfecho da incucações acima é belo. A saída que você aponta é válida e desfrutável sobretudo por nós brasileiros, acostumados a curar tanta ferida com "pílulas" de riso. Haverão outros remédios tão válidos quanto este? Quem souber que os anuncie aqui.

Grande abraço do amigo Adeilson