sexta-feira, 6 de junho de 2014

Auto afirmação masculina


O cara passa uma vida inteira aprendendo a ser macho, a louvar seu falo como elemento de poder, status e virilidade e quando o corpo começa a falhar parece o fim. Ele entra em parafuso. Porque o envelhecimento do corpo tem um custo benefício, senão não haveria sentido algum em habitar essa terra. O envelhecimento do corpo é proporcional ao desenvolvimento da sabedoria, da alma. Nascemos ignorantes, pequeninos e chorões. Se a vida seguir seu curso natural, morreremos mais instruídos, envelhecidos, sensíveis e sábios. Afinal de contas, deve haver uma compensação aos efeitos da cruel lei da gravidade sobre os corpos. E aí, o apego ao falo e aos elementos representativos de poder a ele associados simplesmente impede o cara de se desenvolver, de ser mais inteligente e sensato. O cara fica estacionado no tempo. Quer cena mais horrorosa do que um quarentão ou cinquentão olhando menininhas de 15 anos com olhos de cachorro faminto? Quer cena mais ridícula do que o cara estar à frente de uma mulher e não conseguir se controlar, nem ao menos perceber se a pessoa está disponível a qualquer tipo de aproximação ou contato para avançar em cima dela, como se ela fosse um camarão empanado? Se o cara não consegue sequer perceber se há qualquer contato visual positivo recíproco, como passa pela cabeça desse ser que ele está liberado para invadir a zona privativa de outro ser? E que feio quando o cara ainda conta vantagens aos outros companheiros quarentões e cinquentões que arrasou no seu último encontro, não? Vergonha alheia demais da conta. O cara acostumado com as pequenas mentirinhas cotidianas... Muito triste. E a pior: o cara no supermercado com a esposa e filhos bicando as pernocas da mocinha estudante de direito, que tem a idade de sua filha do meio. Seria cômico se não fosse ridículo. São solteirões, pais, maridos das mais variadas castas e classes. O que acontece nessas cabeças senão um cíclico ensimesmamento compensatório de frustrações fálicas? Como homens prá lá dos quarenta não conseguem ainda, após uma vida inteira, compreender que o falo é um acessório que vai falhar um dia como a mente, a cabeça, as pernas e tudo o mais? Como não compreendem que estar com uma mulher não é condicionante para serem homens? Como não compreendem que importa à uma mulher o carinho, o respeito, a cumplicidade, a expressão do amor, a amizade, a  ternura? Como não sabem disso? Alguém precisará desenhar? Onde se escondeu a sensibilidade e a doçura? Onde foi parar a delicadeza, a poesia? E a ternura, onde se meteu? E a sensatez? Não entendem que a "careca aparece pro cérebro aparecer", como diria o poeta...
O charme dos homens mais maduros está na sensibilidade, na inteligência, na delicadeza e não no pulo do lobo faminto. Isso é feio, é ridículo, é triste e dá vontade de sair correndo de vergonha alheia. Se você está nessa fase e encafifado com a falha do seu aparelho que você imagina fazer de vc um homem, faça o seguinte: tente ser mais inteligente, menos egoísta, mais atencioso e mais sensível. Você notará que pode sublimar a  perda do seu potencial de performance na medida em que compreender que não precisa de um falo duro para ser homem, tampouco se portar como um cão faminto, sempre à espreita, sempre à caça. Os ganhos em sabedoria e sensibilidade fazem de você um homem. Os ganhos em honestidade e caráter fazem de vc um homem. Os ganhos em inteligência e humanidade fazem de vc um homem. Uma mulher de caráter não se interessa por lobos famintos. Compreenda sua alma. Cuide. Ame. Respeite. Não invada. O espaço privativo da mulher é liberado quando há cumplicidade e afinidade. Antes de olhar o corpo, olhe os olhos. Muito difícil? Compre um carro potente ou uma moto poderosa para dizer ao mundo que vc ainda funciona muito bem, obrigada.

Um comentário:

Marcelo Rocha disse...

Na mulher o amor leva ao sexo no homem, o sexo leva a próxima mulher já que, sexo não é amor. Difícil é encontrar alguém pro antes, durante e depois. E o depois... O tempo passa pra todos mas nem todos passam pelo tempo para aprender algo de bom com os outros.