quinta-feira, 28 de março de 2019

Sobre esse clichê de ter alguém pra amar

Hj é sobre esse clichê de ter alguém pra amar e alguém pra deixar te amar. Me sinto dodói como quem sabe que não sabe e ainda não encontrou acesso e alento. Sou burra nessa arte e parece que enquanto essa burrice tá aqui, o que me aparecem são pessoas igualmente machucadas que não sabem amar e não têm a mínima ideia de que precisam se curar desse não saber. Sequer buscam... Buscar? O quê? Só há de se viver mesmo. Estamos aqui há milênios exatamente por não saber. E na solidão da madrugada chuvosa me percebo frágil e pequenina. Um dente de leão fofo e volátil que dança ao sabor do vento seco e frio ao minimo sinal de afeto. Afeto que tenho tanto a dar e que queria tanto também receber assim, no corpo, no toque, na pele e num turbilhão criativo do aqui e agora. Meu chakra oprimido é o sexual. Fujo pro coronário sempre que não posso expandir minha energia sexual. Então meu laringeo falha e adoece. Meu plexo fica aberto e vulnerável. A pineal calcifica mais e tenho tanta vontade de chorar e ter algo que não tive no passado. O raiz me chama à conexão como um imã. O cardiaco doendo doendo sangrando. Estar em terra de trogloditas. Pérolas aos porcos. Então me ressinto por ter escolhido vir pra esse estrangeiro terrestre pra fazer não sei o que não sei onde com não sei quem. E me arrependo. E me doi a alma por estar tão longe dos meus. As plêiades. E parece que agora pequenos flashes de memória lêem meus sonhos e me dizem que sou uma sequóia milenar. É que queria tanto que minhas almas gêmeas estivessem por perto. Não consegui amar nenhuma das que encontrei. Então me sinto um eremita com minhas cachorras, livros e internet. Resisto a não procurar conhecer ninguém ao vivo ou ao morto porque tenho tanta preguiça e medo de ferir e ser ferida pela milionésima vez. A casca vai ficando grossa porque o vento vai endurecendo a superfície. Mas por dentro, castelos de areia. Um anseio enorme por uma parceria honesta e sincera. E uma ignorância enorme em amar. Uma inaptidão. Uma coisa estranha e dolorida que não sei lidar. E esse caos mundial. E a necessidade urgente de acreditar no invisível. Tudo o que há. E se não existir nada, prefiro que o engodo me consuma e me preserve a sanidade. Ouço mensagens dos ETs todos os dias E se por um acaso nada disso for real, me retiro desse mundo atestando a infinitude de bilhares de vida sem propósito algum. Dói como uma bezetacil permanente. Como uma laringite calando a voz. Como um aceitar passivo e tosco de uma existência compulsória delegada a compartilhar respirações com trogloditas híbridos estúpidos. Essa convivência dá um trabalho hercúleo.  Então nunca me diga o que fazer. Não me diga aonde ir. Não sugira qualquer templo para frequentar ou odiar. Aprenda a calar. Aprenda a silenciar. Aprenda a observar e ouvir. Dois olhos, dois ouvidos, uma boca. Chateada e me sentindo muito muito só na caminhada. Que o caminhar seja leve, tolo e inútil como somente o privilégio da ignorância pode ser. Uma pílula de amnésia e um anestésico antimonotonia para que ignore meus sentidos e siga feliz com a manada rumo à morte e à autoalienação. Feliz velho milênio outra vez.

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