segunda-feira, 11 de abril de 2016
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Luna Lu Lua Ciana
Pensamento inocente
Alma livre e brejeira
Gargalhada de criança
Fibra firme de guerreira
Calma boa de menina
Alegria de nanã
Raiz rio castanheira
Singeleza de romã
Pureza manhã de sol
Leveza de brisa vã
Luz de estrela e fogueira
Chaleira chá hortelã
Luna lu lua ciana
Flor de liz lima limão
Água lótus natureza
Irmã do meu coração
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Perdeu o filho matado por engano e virou bruxa
Estava lendo Jodorowsky falando sobre os magos e curandeiros que cruzara seu caminho, seus ritos e fórmulas primitivas eficazes quando ela me cutucou para conversar. Ele tinha 16 anos, era muito querido por todos, deu sua mesada para o avô no interior do Pernambuco quando tinha 10 anos... Fez promessa prá ele aos 7 dizendo que voltaria para buscá-lo dali a 3 anos. E cumpriu a promessa. Voltou, mas não conseguiu levá-lo para São Paulo para perto dele e da mãe. Um policial o matou pensando que era outro. Foi um engano... Morreu por engano...Demorou mais de um ano prá ela se lembrar que não era um vegetal... Mais de dez anos prá conseguir ver um policial na rua sem sentir vontade de chutar, cuspir e amaldiçoar. Foi embora de São Paulo, desgostosa. Vendeu seu barraco a preço de banana e foi para Brasília. Foi vivendo, pequenina, magra, miúda, com olhos vivos e espertos... Voz forte e rouca, mas terna... Muito miúda mesmo. Recomeçou a viver pegando uma menina órfã para criar e por ela vive até hoje. Filha de um pernambucano de 88 anos e 22 filhos, Edilcéia transcendeu a religiosidade... Atende pessoas de todos os lugares em sua casa por suas faculdades curativas e videntes... Veio sentada ao meu lado no pau-de-arara de São Paulo a Brasília. Contou-me toda sua história, como reencontrou 18 dos irmãos após 30 anos longe, como descobriu uma irmã desaparecida pelo programa de rádio e como a casa do pai no interior parecia um acampamento, com colchões por todos os lados... Mais de 100 pessoas entre tios, irmãos, sobrinhos, netos, bisnetos, primos, todo mundo espalhado pelo chão numa alegria sem fim. Falou sobre perdão e perda... Sobre alegria e emoção... Sobre dor e morte... Sobre valor e Deus... Um dia bateu na sua porta um jovem bonito. Pediu que o benzesse e que
trouxera um objeto para que benzesse também. Era uma arma... E ele... Um policial... Ela chorou, engoliu em seco e naquele dia perdoou prá
sempre o assassino de seu filho e todos os policiais.... Entendeu
naquele momento como a vida era passageira, e como o ser humano era
frágil.... E como deveríamos nos amar e nos ajudar sempre, sempre... Eu escutando, muito quieta e respeitosa. Pegou minha mão e me disse que tomasse posse da minha vitória. E que acreditasse no valor do meu sorriso. E que não deixasse ninguém me usar de qualquer forma... Que cuidasse bem do meu coração... Que o meu tava guardado e que estava vindo muito em breve... Falou que guardasse a data, 03 de fevereiro de 2013. Minha vida nunca mais seria a mesma. As coisas começaram a mudar mesmo. Não dormi no pau de arara, tinha uma goteira no teto, na direção da minha cabeça, a poltrona reclinava bem pouco... Então vim refletindo, ouvindo música, pensando, olhando o céu... Minha coluna doía, mas meu coração tava confortado. Que mulher era aquela? Como me falara sobre coisas a meu respeito sem me conhecer? Disse que eu teria uma família linda e que via duas alianças, uma de ouro e uma espiritual... Que eu teria um sonho e que deveria procurar uma pessoa entendida prá me dizer o que significava... Esse sonho ia revelar meu destino... Que não tentasse mudar pessoas que estavam presas no mundo material... Que essa missão não era minha... Mas que quando amasse, que pedisse proteção para estar andando na direção certa. Que não caminhasse com minhas pernas, mas com as pernas de Deus... Que se sentisse vazio no coração quando estivesse com a pessoa amada, que isso talvez fosse Deus tentando me livrar de algo.... Que em sua visão, me via linda, toda produzida vestida de branco, olhando no espelho minutos antes de casar, lembrando dessa conversa com ela no ônibus. E que nunca desacreditasse na beleza do meu coração e na humildade da minha alma. Fiquei um pouco chorosa, mas tava escuro, de madrugada, não dava prá ver meu choro. Hoje me ligaram marcando um almoço de trabalho prá amanhã. Tenho muita gratidão por aquela bruxinha humilde, mulher forte, guerreira... Não sei se tudo que ela disse tem sentido, mas a força da sua fé me contagiou de alguma forma... "Toma posse do que já é seu Ana... Toma posse da tua vitória... Teu período de espera acabou." Gratidão.
Um norte, uma bússola, um mapa e uma comida quentinha ao cair do dia...
Se a sensação de não pertencimento aumenta, então você está mais próximo de encontrar a si mesmo. Realidades diferentes. Desejos diferentes. Quando penso que estou me livrando deles, sinto medo. E se eu quiser voltar? E se não der mais tempo de reverter? Anestesiada. Pronta para seguir adiante, sem sentir nada. Nem medo, nem coragem, nem vontade de chorar. Talvez esteja virando um zumbi. Viva, morta. Amigos distantes de vida cigana pregressa e itinerante. Um em cada canto do mundo. Enfastiada de hipocrisia. Só aguentando mesmo minha própria lisura de suportar a mim mesma, o que não é tarefa simples. Cumprindo minhas obrigações. Mas como é difícil viver sem paixões. Pelo que quer que seja. Como é duro entrar na forma e ser exatamente o que esperam de você. Quando será possível criar? Quando será que vai dar? Quando poderei voar novamente? Onde minha missão termina e começa minha liberdade? Desprendimento material. Muito necessário para se apegar e se manter no mundo. Ao mesmo tempo sem compreender bem em que momento exato minha mágoa com o ser humano cavara buracos tão fundos na minha alma. Por que sinto falta deles e também os odeio. Por tanta falta de cuidado. Por tanta falta de educação. Por tanto intrometimento e ignorância sobre a vida alheia e sobre as diferenças. Tudo o que um ser humano não consegue compreender vira repúdio, motivo de motim e de rejeição. E tenho um saco tão cheio disso que talvez tenha transformado essa chateação em um cristal de pedras que carrego no coração sem entender direito como consegui tornar isso tão duro e vivo. Faço o que me cabe da melhor forma possível. Mas se pudesse... Ah, se pudesse voar... Voar prá bem longe de mim. Onde não preciso ser eu ou qualquer coisa familiar. Se pudesse ter esse vazio no meu peito cheio de pedras banido. Virado em flor. E ver essa carência de conversa, de amigos, de amor, de sentido prá vida, de alegria de viver transformada em água correndo sem parar, indo encontrar o oceano infinito do nosso planeta particular imenso e miúdo como um grão de bico azul no universo. Onde é o planeta da inocência? Onde é o lugar onde o coração pode ser puro sem ser massacrado? Onde é o lugar onde um ser confia no outro como a raiz confia na terra? Onde a folha confia no sol, a estrela confia no tempo e o corpo confia nos pés? Se não encontrar seu lugar no mundo é porque você não é daqui. Veio apenas fazer uns reparos. Perdoar os outros. Perdoar a si mesmo pela imperfeição impregnada, dura, doida e doída. Aceitar e perdoar a vaidade de pretender dever acertar e fazer tudo perfeito. Ninguém pode ser isso aqui. E não evolua demais também, senão irá sofrer. Vá devagar. Vá sempre. Perenize o caminhar e viva no presente. Esqueça a lógica materialista, mas saiba entrar no jogo. Sobreviva, mas não viva. Aceite o que não é possível mudar. Considere lutar um pouco pelo que é possível. Saiba lidar com suas próprias imperfeições. Não tenha preguiça de si mesmo, nem da vida, nem dos outros. Não tenha preguiça de criar novos sonhos pra seguir e continuar caminhando. Faz parte do processo a utopia, a imagem do lugar alcançado. Faz parte do processo o não pertencimento. Faz parte da prova. Veremos se dessa vez você dá conta do recado. Sensação profunda de encontro honesto com o podre da natureza humana. Cansada. Queria um bar e amigos queridos rindo e seguindo juntos esses caminhos todos que a alma experimenta sem lembrar que um dia quis que fosse exatamente assim. Sem dicas, nem mestres para facilitar o processo. Só a alma e uma intuição tímida que diz que é assim mesmo e que isso passa. Querendo um norte, uma bússola, um mapa e uma comida quentinha ao cair do dia calejado de luta.
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
A última gota
Que a ânsia de vômito não me corroa os nervos. Que o sol não resseque minha pele e meus cabelos. Que a lua não me ponha pra fora as vísceras. Que o tempo não me mate por dentro. Que a seca não me derreta o sangue e a bondade. Que o cerrado não me tire a umidade. Que a dor não me tire o foco. Que o trabalho não seque meus sonhos. Que a brisa não me limpe a mente. Que a vida não me deixe a deriva. Que o sonho não me tire as raízes. Que as raízes não me impeçam o vôo. Que o vôo não me tire o chão. Que o chão não me finque ao centro. Que o centro não me deixe alheia. Que o avesso não me abandone o meio. Que a sinceridade não me escape das mãos. Que minhas mãos sejam sempre vivas. Que meus dentes não destruam a si mesmos. Que minha descrença não seja eterna. Que minha alegria de viver renasça. Que meu peito respire aliviado. Que a beleza me renove a fé. Que o trabalho não mate minha esperança. Que minha esperança me cure o desamparo. Que o amor me inunde o peito. Que meu peito me permita o vôo. Que o vôo me permita ser.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Meu irmão
Leveza de alma de tulipa... Leve como a brisa que toca baixo o chão que precisa ser pisado. Voa centrado, com seu norte de amor e singeleza de ser... Humano. Alma pura de criança. Gargalhada de menino, arapuca de moleque, palhaçada de maluco, piripaque de vedete... Flor da pele sem frescura, sensatez e doçura, brilho no olho de quem vê muito além. Concreto sim. Etéreo também. Loucura muita. Ordem muita também. Tristeza nada. Tristeza... Que nada... Podem levar seus irmãos daqui, nada o fará desistir. Porque nosso tempo aqui é só um intervalo para o cafezinho na eternidade. E um dia estaremos todos juntos em um planeta onde o riso é pré-requisito para a seleção dos professores e as cores do ceú sempre estão lá, sem se misturar, fazendo do dia-a-dia um radiante espetáculo. Lá sempre tem música, dança, tambores, amigos, piadas, cachorros, gatos, árvores, tulipas, margaridas, rios coloridos, peixes, fogueiras, vento, sol e sorriso no rosto. Lá as cabeças se abrem e de dentro voam pássaros sambantes que nadam nas cores de arco íris do horizonte. Tristeza nada. Tristeza... Que nada... Pés de chão e coração de infinito. Gargalhador estrondoso de gracejos sem motivo aparente. Fazedor de corações felizes, de fidelidade canina e humanidade sincera. Nobre coração de leão, de monge, de amigo, de amante, de irmão. Meu amigo, meu irmão mais querido...Todos vamos nos encontrar nesse lugar espetaculoso de riso, coisas lindas e engraçadas. Quem for primeiro prepara a fogueira e a massa do bolinho de piracaí. Quem quiser pode fazer um macarrãozinho também, desde que não seja com muito shoyu... E nenhuma lágrima rolará se não for de alegria, nenhuma boca se abrirá senão para falar poesia, nenhum olho se abrirá senão para derramar sinceras brisas de pétalas de rosas para os ouvidos escutarem a vibração mais pura de cada coração... Tristeza nada. Tristeza... Que nada... Meu amigo, meu irmão de fé, morador do camarote do meu coração saudoso do teu riso cúmplice comprido e barulhento. No planeta azul ou fora dele, estaremos todos juntos em um instante.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Auto afirmação masculina
O cara passa uma vida inteira aprendendo a ser macho, a louvar seu falo como elemento de poder, status e virilidade e quando o corpo começa a falhar parece o fim. Ele entra em parafuso. Porque o envelhecimento do corpo tem um custo benefício, senão não haveria sentido algum em habitar essa terra. O envelhecimento do corpo é proporcional ao desenvolvimento da sabedoria, da alma. Nascemos ignorantes, pequeninos e chorões. Se a vida seguir seu curso natural, morreremos mais instruídos, envelhecidos, sensíveis e sábios. Afinal de contas, deve haver uma compensação aos efeitos da cruel lei da gravidade sobre os corpos. E aí, o apego ao falo e aos elementos representativos de poder a ele associados simplesmente impede o cara de se desenvolver, de ser mais inteligente e sensato. O cara fica estacionado no tempo. Quer cena mais horrorosa do que um quarentão ou cinquentão olhando menininhas de 15 anos com olhos de cachorro faminto? Quer cena mais ridícula do que o cara estar à frente de uma mulher e não conseguir se controlar, nem ao menos perceber se a pessoa está disponível a qualquer tipo de aproximação ou contato para avançar em cima dela, como se ela fosse um camarão empanado? Se o cara não consegue sequer perceber se há qualquer contato visual positivo recíproco, como passa pela cabeça desse ser que ele está liberado para
invadir a zona privativa de outro ser? E que feio quando o cara ainda conta vantagens aos outros companheiros quarentões e cinquentões que arrasou no seu último encontro, não? Vergonha alheia demais da conta. O cara acostumado com as pequenas mentirinhas cotidianas... Muito triste. E a pior: o cara no supermercado com a esposa e filhos bicando as pernocas da mocinha estudante de direito, que tem a idade de sua filha do meio. Seria cômico se não fosse ridículo. São solteirões, pais, maridos das mais variadas castas e classes. O que acontece nessas cabeças senão um cíclico ensimesmamento compensatório de frustrações fálicas? Como homens prá lá dos quarenta não conseguem ainda, após uma vida inteira, compreender que o falo é um acessório que vai falhar um dia como a mente, a cabeça, as pernas e tudo o mais? Como não compreendem que estar com uma mulher não é condicionante para serem homens? Como não compreendem que importa à uma mulher o carinho, o respeito, a cumplicidade, a expressão do amor, a amizade, a ternura? Como não sabem disso? Alguém precisará desenhar? Onde se escondeu a sensibilidade e a doçura? Onde foi parar a delicadeza, a poesia? E a ternura, onde se meteu? E a sensatez? Não entendem que a "careca aparece pro cérebro aparecer", como diria o poeta...
O charme dos homens mais maduros está na sensibilidade, na inteligência, na delicadeza e não no pulo do lobo faminto. Isso é feio, é ridículo, é triste e dá vontade de sair correndo de vergonha alheia. Se você está nessa fase e encafifado com a falha do seu aparelho que você imagina fazer de vc um homem, faça o seguinte: tente ser mais inteligente, menos egoísta, mais atencioso e mais sensível. Você notará que pode sublimar a perda do seu potencial de performance na medida em que compreender que não precisa de um falo duro para ser homem, tampouco se portar como um cão faminto, sempre à espreita, sempre à caça. Os ganhos em sabedoria e sensibilidade fazem de você um homem. Os ganhos em honestidade e caráter fazem de vc um homem. Os ganhos em inteligência e humanidade fazem de vc um homem. Uma mulher de caráter não se interessa por lobos famintos. Compreenda sua alma. Cuide. Ame. Respeite. Não invada. O espaço
privativo da mulher é liberado quando há cumplicidade e afinidade. Antes de olhar o corpo, olhe os olhos. Muito difícil? Compre um carro potente ou uma moto poderosa para dizer ao mundo que vc ainda funciona muito bem, obrigada.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
DORMÊNCIA
Alheia à realidade, me furto da complacência de estar sob o céu do sol... Preguiça de vida pequena... Obscura preciosidade... Como enxergá-la? Um estalo poderia fazer da luz um asterisco radiante de certezas... Como se a morte não chegasse aos meus pés nem quando sangrados, cobertos de lama de luta... Como se voar fosse um sonho possível para os anjos que talvez sejamos e fomos... Mas humanos não voam e pássaros não gozam.... Como se a pureza da asa fosse uma marca enterrada viva, esquecida no tempo por alguma liderança pessimista que matou a inocência. Odeio ter que combatê-la... Minha pureza, minha inocência, minha meninice... Coisa mais linda que carrego aqui comigo... Quero ser assim, não, planeta duma figa! E o prazer de viver, de gozar... Talvez seja essa a liberdade plena de sensações, prazeres, já que é dali que nasce toda a história... Quanto custa isso tudo? Não quero mais pagar essa conta. Cansada de pequenez de alma... Quanta invasão dentro do meu peito prá ser alguma coisa que pertença a algo concreto, duro. Que trabalheira. Como uma lasanha com gosto de fungo, como se o prazer enfiado ali tivesse o gosto de coisa antiga. Velha. Mórbida e sem esperança. Todo mundo tinha é que nascer com um dispositivo orientador de direção, um gps embutido na pele... Um gps da vida que dissesse em qualquer situação: "siga em frente", mas não siga como achar que deve. Nada disso. Essa história acabou agora. Siga esse caminho à direita que lá é bom. Vai te poupar da fadiga e os teus estarão te esperando lá com um feijão quentinho com farinha e uma prosa gargalhante pela madrugada adentro... Mas não encontro a direção... Viro cada vez mais uma guerreira resignada. Matando minhas paixões, meus desejos. Matando tudo que possa me causar sofrimento. Desapegando das coisas, das pessoas. E me sentindo sozinha. Não sei em que reino budista devo estar agora, mas se decidir ser uma monja, preciso estar nas montanhas e não aqui. Como certas marcas te cegam por tanto tempo a ponto de nunca detectarem onde é que a roda trava? Porque as bolhas não são translúcidas? Porque refletem o vazio que não dizem nada e que não podemos enxergar? Por que não encontro nada? Não sinto nada. Não rio muito. Não choro muito. Falo pouco. Ouço pouco. Como um zumbi que não sabe em que dimensão está. Certeza de nada. Só dúvidas... É isso o que o tempo traz? Quanta canseira. Coisas trazem sofrimento... A ausência delas também... Pessoas trazem sofrimento.... A falta delas também traz... Vontade de ir embora prá fora de mim e largar esse lamento chato que repete o mesmo tom enjoativo do sorvete de passas ao rum. Quero simplificar a vida e pagar prá ver se dou conta da minha mente e tolero minha própria presença. Só a dança do meu próprio corpo alivia minha mente sem graça, dormente, cansada de estar no lugar onde se enfiou sem saber e do qual não tem a menor ideia de como sair. Tão cansada...
terça-feira, 19 de março de 2013
Dai queijo aos pombos, menina...
Nunca voa a pena...
De gente que não voa...
De ave que avoa e não sabe...
Depenada... Delinquente...
Dai queijo aos pombos, menina!
Dai queijo aos pombos!
Que eles têm asas mas não sabem voar...
Castigo é não voar tendo asa avoada
Voar baixo bicando o queijo do chão...
Viver no asfalto sendo bicho avoado...
Deserdado... Descontente...
Dai queijo aos pombos, menina...
Dai queijo aos pombos
Que eles tão sós ainda não sabem voar
Pena dura, voa baixo, vida longa, vai atrás,
Lava a asa, leva o verso, vai sem medo, vê o cais
Vento cego, lê a brisa, varre o beijo, vem e vai
Invade o devaneio e voa grande, voa mais!
Dai água aos pombos, menina...
Dai água aos pombos
Que eles tão sós querem mais é voar
segunda-feira, 18 de março de 2013
Colaboração: Ameba de lagartas
Fonte: http://www.pedal.com.br/forum/perigo-ou-nao-lagartas-nas-trilhas-e-estradas_topic27712.html
Todas andavam juntas. Como um macroorganismo de movimentos cuidadosamente sincronizados e rítmicos. Nado aquático aéreo. Coisa linda de se ver. Uma ameba de veludo gigante cor de caramelo subindo pro dossel de uma árvore no meio da floresta. Um grupo de dança de lagartas que em pouco farão a coreografia das borboletas. Não tenho imagem. Porque tenho a sensação de que perderia o aqui e o agora tentando achar um monte de botão. E talvez porque nenhuma máquina pudesse registrar a singeleza, a beleza, a perfeição e a simplicidade natural das coisas vivas. Coisa linda demais de se ver. Todas juntas, trabalhando em uníssono silêncio, como uma onda que precisa de cada gota d'água prá existir em movimento. Essência do coletivo. Espírito de sincronia. Imagem de colaboração e concentração rumo à sobrevivência comum. Aprende a ser lagarta, Homo sapiens sapiens...
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Amor de mãe
Amor de mãe retalha a alma... Faz o choro vir fundo no peito... Querer não ser esta ou qualquer outra coisa terrena... Voar baixo... Seguir miúda de casaco peludo e comprido prá fingir que é urso e passar despercebida... Sorriso regrado e contido... Olhos tristes e distantes... Ensimesmamento doído de quem não consegue mais se desfazer da dor... A sofrência está na barriga e no peito... Sempre nessa região... A pequena abraça forte o ventre dizendo que não quer ir embora... O choro vem arranhando a garganta, comprimindo os olhos, inchando o peito... E desce sangrando, quente, espalhando dor a cada célula... Mas precisa refazer rápido a força e dizer: "meu amor, minha pequena, a gente precisa ficar longe mais uma vez"... Porque a vida tem dessas coisas... Essa falta de condições... Essa necessidade de matéria... Essa repetição de testes malucos que só quem sabe a razão é quem nos põe à prova... Não seria melhor chegar uma mensagem do além no seu celular com um boletim de desempenho na vida? Sou tosca, não consigo adivinhar coisas implícitas. Quer me dizer algo: diga. Preciso da senha, do mapa, senão fico patinando no mesmo lugar... Patinando sem chão. Quando a vida te tira o chão é um problema... E nada de reclamações, pois tudo corre o risco de ficar ainda pior... Esperar dias melhores é o que resta... E enfiar a cara nos livros prá ter um lugar ao sol com o mínimo necessário para viver bem e feliz, com as pessoas amadas sempre perto. Cansaço, um pingo de revolta, um monte de saudade, um tanto de desânimo e outro tanto de dor conformada e amor contido... Queria sentir um pingo de movimento no rumo dos acontecimentos prá essa série não ficar tão difícil e complicada. Queria não querer virar uma árvore, enraizada, sólida e perene, com os cabelos verdes voando ao vento, tomando chuva e sol... Queria querer mais vida... Queria querer ter fé... Mas hoje não posso... Hoje estou pequena. Hoje quero ficar só. Hoje quero não ser eu... Hoje peço licença para não ser... E só doer...
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Vão da valsa
Vão é vão
Valsa é vã
Vai em vão
Valsa vai
Vai em vão
Valsa vem
Vem o vão
Voa em vão
Vai e voa
Voa e vai
Voa em vão
Vão e voa em vão
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Dança do Ventre e Arte

sexta-feira, 9 de setembro de 2011
O guardinha da Dilma e a seca

Derretendo no meio daquele uniforme pesado e hostil, o guardinha da Dilma está bem ali, parado em frente à rampa do Palácio do Planalto debaixo do sol quente. Clima árido, poeira seca no ar, grama marrom queimado ao redor e... as obras insanamente belas e viscerais de Niemeyer em meio ao sertão de concreto. Tudo arde em setembro. Ouvi dizer que o sertão vai virar mar. E o mar... lavará a seca dessa terra fria, vendida, automática, compulsoriamente burguesa e... seca. O guardinha não tem pretensões: obedece porque seu trabalho escraviza e aprisiona. E aprisionado por aprisionado, já está ali naquele corpo de carne mesmo... Uma camisa de força a mais ou a menos não trará grande diferença. E olhando bem, seu uniforme até que é bonito... Seu chapéu é um pouco grande para sua cabeça, mas protege seu ralo cabelo do sol. Protege a careca também. Então ele passa seus dias e meios-dias debaixo daquele sol para proteger o palácio da presidenta da república. Ás vezes sua pressão cai, então ele sonha em pé, no seu uniforme enfeitado. Sonha que está na beira do Araguaia, com seu próprio barco de pesca e seus anzóis, esperando as bocadas de algum pintado comprido... Mas o sonho vem e vai rápido... É o tempo do colorido que os olhos enxergam voltar ao normal. Ele não pode desmaiar. Então trata de prender a respiração bem forte e soltar de uma vez, numa tentativa de pressionar a circulação da cabeça... Pensa que nada pode fazê-lo desmaiar, nem mesmo a baixa pressão, nem mesmo o sol, nem mesmo a secura, nem mesmo a fome, nem mesmo seu barco de pesca no Araguaia... "Sou muito importante aqui, fazendo o que faço, sendo o que me disseram para ser." Então ele se atenta para os carros que passam e procura adivinhar para onde aquelas pessoas estão indo nas suas correrias diárias... "O velho senhor do caminhão azul deve entregar móveis e aquele carro blindado deve ser de algum senador. Aquele outro amarelo que parece um disco voador deve ser do filho de algum deputado, indo para casa de um amigo celebrar a sexta-feira. Aquela mulher no carro prata estava chorando, dirigindo rápido. Talvez estivesse indo para casa... Ou fugindo dela... Talvez tivesse perdido algo ou alguém. Talvez estivesse sentindo dor de dente ou dor de alma mesmo... Quanta tipo de gente passa aqui na minha frente, cada qual dum jeito, cada um com seu destino... Fiquei assim com um aperto no coração ao ver aquela mulher chorando. Mas ao menos suas lágrimas abrandaram um pouco a poeira seca desse sertão de cimento. Ao menos algo vivo sai desse concreto armado, belo, insano e árido do setembro candango. Ao menos tem algum... ser... humano... vivo... nessa seca desse planalto sem fim." E prende novamente a respiração. Ainda faltam quatro horas para acabar seu plantão seco.
sábado, 2 de julho de 2011
Gralhas e Migalhas

sexta-feira, 15 de outubro de 2010
A medida do tempo

domingo, 29 de agosto de 2010
Amor X Ego

Por que é que gente tem medo de amar? Medo da entrega, medo de enxergar que o outro não é o responsável pela própria felicidade? Medo de estar subjugado? Medo de estar aquém ou além? Medo de ser dominado? Medo de ficar com cara de bobo achando o amor o ser mais lindo do planeta? Medo de acordar de manhã enroscado no outro, de cabelo desgrenhado e olho inchado, sentindo o quentinho da pele e o cheiro natural do sono? Medo de uma noite maravilhosa ao som de uma música romanticamente brega? Medo de amar ser uma coisa meio ridícula? Medo de deixar o coração dominar a mente? Medo de cair e de se machucar? Medo de ceder? Medo de admitir as falhas? Medo de perceber que uma briga não é um duelo e que um recuo ou um ataque de beijos pode solucionar grandes problemas? Medo de sofrer? Afinal de contas, qual é o nosso problema? Por que lutar tanto contra o amor? Nosso ego deveria andar numa coleira, ao nosso lado, sob constante controle. Porque ele existe para garantir o amor-próprio e para isso deve nos acompanhar. Somente. O ego é uma merda porque exclui as possibilidades de transformação da alma e fortalece as muralhas de aço que vamos construindo ao redor de nós mesmos para encobrir as feridas da vida. E ainda reclamamos da falta de amor... Se quando ele bate à nossa porta tratamos de expulsá-lo veementemente em uma afirmação de absoluta dispensabilidade, inutilidade e estupidez. A covardia humana me assusta. E me entristeço em comprovar, mais uma vez, que nosso ego vive a travar uma eterna e estúpida guerra contra o amor.
Esconderijo

Vou me esconder. Fechar esse portão e pendurar um pano do exército de fora a fora prá ninguém enxergar minha perna lá da rua. Não tô em casa. Não tô prá ninguém. Gosto dos animais, de ver as formigas carregando as folhas verdes. Ganhei um cachorro, dei banho, tirei os carrapatos, escovei e fiz uma comida caseira prá dar de almoço. Mas a vizinha reclamou que ele latia demais. Tive de mandar embora. O cachorro foi embora. Meu filho também foi. E agora não posso mais cozinhar. Ele não podia esperar um pouco mais? Minha barriga dói e coça quando lembro que ele era eu. Nasceu daqui de dentro dessa barriga. E agora se foi. E agora não posso mais fazer comida. Como vou fazer feijão com essa dor que nunca pára de latejar aqui no meu peito? Como posso sorrir sem uma fita adesiva grudada nos cantos da minha boca? Como se sorri quando a dor é funda assim? Não gosto de gente. Só de bicho. Um dia arrumo minhas trouxas e fujo daqui. Fujo prá uma caverna. Vou juntar um dinheiro e fugir. Só o suficiente prá chegar no meu esconderijo. Vou cuidar dos cachorros, das plantas, dos gatos e dos papagaios. Não quero ninguém que é gente perto de mim. Porque gente é bicho ruim. E essa dor ainda pulsando aqui dentro... Onde estará meu filho, meu pedaço de minha alma? Onde estará agora que Deus decidiu levá-lo prá longe da vida? Prá longe da mãe? Meu filho, que a luz da manhã te proteja e que toda a natureza conspire para que tua natureza livre e criativa continue a brilhar perto das nuvens, dos bichos e do planeta por onde estiver agora. Ajuda tua mãe a sarar essa dor, meu filho! Ajuda porque não resta muito de vida na gente quando o sorriso se vai. Ajuda, filho, porque o quintal da tua mãe vai fechar. Vou botar um pano do exército de fora a fora prá espantar os clientes. E prá dizer a Deus que eu tô aqui escondida na caverna que inventei. Esperando te ver entrar barulhento pela porta com orquídeas e bambus que achara no mato, cheio de idéias prá enfeitar nossa vida...
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Maria Joaninha...

Joana é uma menina linda! Forte couraça, grande coração! É de menina o seu coração... Incompreensível a capacidade de caber tanta gente e amor num coração só... Grande mulher... Cidadã planetária, conterrânea de Júpiter com breve passagem pela Terra na imensidão do tempo e espaço infinitos... Lampejo de luz, alegria e vida! Chuva de meteoros como um dragão de fogo no céu... Imponente representação de grandeza de alma e pequenez de tolerância com a hipocrisia humana... Que espécie de criatura nos tornamos, criador? Não, não!!! Pára tudo! Pára esse mundo agora que Joana tá sofrendo... Sofrendo a falta das almas nobres e distantes, íntegras e singelas, puras de mente e livres de coração... Mas não há singeleza... Não agora... Porque um dragão quando se zanga pode queimar e soltar faíscas... Mas pode amar como ninguém jamais amou... Ah, minha Joaninha, irmã querida... Fica triste não... Quisera poder te pegar pela mão e pegar carona num meteoro errante desses qualquer no espaço a caminho do nosso planeta... Quisera ter metade da tua capacidade de amar indistintamente... E de ser tão honesta com a vida e seus princípios... Há de ser uma grande personalidade onde quer que vás... Mas lembra sempre, Joaninha, que a Terra crescerá com tua passagem. Não esmorece jamais! Porque um mundo muito bom e justo existe em algum lugar... E não há nada tão efêmero quando a vida na Terra! Fica em paz na tua essência! Porque algum dia... Voltarás prá casa, de todos os lugares, do agora e do sempre, cheia de alegria, estrada e histórias para contar!
sexta-feira, 2 de abril de 2010
O mundo é dos espertos...
Tudo se dissipa ao vento quando o assunto é mais profundo... Nada mais temeroso que o próprio eu... E não tente instigar o confronto... Poucos estão preparados... Poucos assumem os riscos... Poucos querem o real... Poucos querem o espelho que mostra a imagem visceral e pegajosa da carne... O externo é mais bonito... Mais tragável e, veja: Não sou muito mais bonito assim? Veja, meus olhos são lindos, azuis como o céu e mistificam minha alma... Pode olhar através deles... Vc não verá minha alma, mas a alma que quero que vc veja... Esse é o jogo. Assim é a vida. O mundo é dos espertos e bem sucedido é aquele que engana com a maestria de parecer sincero. Use a lógica! Assim é o mundo. E é melhor que vc aprenda a jogar, porque não há lugar prá inocência e ingenuidade. Não há lugar prá entrega. Não há lugar pra burrice. Não há lugar prá amar. Não seja burro! Esteja sempre alerta e engane, dissimule sempre, onde estiver... Porque o mundo é assim... O mundo... é dos espertos.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Depilação

sábado, 2 de janeiro de 2010
Serpente Multicor

domingo, 1 de novembro de 2009
UM EMPURRÃOZINHO NO SEU SORRISO

Quem disse que os japoneses não têm senso de humor? Essa comédia japonesa me fez explodir todas as lâmpadas de casa. Filme de 1997, do diretor japonês Kôki Mitani.
Para baixar, basta clicar no link abaixo.
TORRENTE E LEGENDA
(Atenção: é preciso ter instalado o programa utorrent)

Se está difícil rir, talvez esse filme ajude, pois o que ri com ele daria para iluminar todo o Distrito Federal durante quatro dias. Trata-se de uma comédia francesa deliciosa do diretor James Huth, produzido em 1998.
Para baixar, basta clicar no link abaixo.
TORRENTE E LEGENDA
(Atenção: é preciso ter instalado o programa utorrent)
terça-feira, 11 de agosto de 2009
A título de marolice: acho que sou um E.T

sexta-feira, 26 de junho de 2009
Mulheres maravilhosas!!!

P.S.1: Para preservar a integridade das mulheres citadas no texto, criei nomes e lugares fictícios. O resto (o que interessa) é tudo verdade.
P.S.2: Digitei no google imagens "mulheres maravilhosas" e só apareceu melancias, abóboras e afins.
sábado, 6 de junho de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
VAGALUMES... PIRILAMPOS...

sábado, 25 de abril de 2009
O QUE NOS RESTOU?

terça-feira, 24 de março de 2009
O EVANGELHO SEGUNDO SALATIEL

Sara casou com Abraão
num dia de santo rei.
Três dia após o casório,
Gandhi recebeu um e-mêi,
onde Agar comunicava
que a patroa emprenhada
deu a luz naquele mês.
Três reis magos lá chegaram
montando uma bicicleta
e entoando a marselhesa
sua canção predileta.
Quando avistaram Abraão
entregaram a saudação
do Saci, príncipe de Creta.
O rei D. Pedro levou
pra criança um banzai,
pra Sara um espartilho
e de presente pro pai
uma maquete da bastilha
que ele comprou em Brasília
na feira do Paraguai.
A criança era Jesus,
virtuoso e ativista.
Aos treze fugiu pra Cuba
pra se tornar comunista.
Transformava gato e boi,
e vinte anos depois
foi fichado na polícia.
Mas fugiu para o Brasil
no lombo quente d'um burro,
disfarçado de judeu,
cabelo grande e barbudo.
Quando apeou no sertão
botou pra correr o cão
dos arredó de Canudos.
Graduou-se à distância
em Oratória Funesta.
Perseguindo a vocação
fez um curso pra Profeta,
botou um roupão de 'nhagem
sem jóia, sem maquiagem,
sem riqueza e sem cueca.
Fez fama nas redondezas
pelas coisas que falava
dentro da mente de todos
seu perfil se agigantava.
E em sua prosa segura
o povo viu a figura
do Messias que esperava.
No sermão em Chorrochó,
mais de mil gente se aninha
ao redor do santo Cristo,
entoando ladainha,
pra ouvir que a terra dura
há de virar rapadura
e o pó virar farinha.
Falava ao povo pobre
que o mundo se escafedia,
que sobre o Cocorobó
a lua despencaria,
e a cabeça do pagão
entre as meada dum pão
o diabo comeria.
Um cangaceiro chorava
Abraçado ao seu fuzil
numa emoção tão grande
que chega a fome fugiu.
Nesse dia um aleijado
levantou emocionado,
mas o coitado caiu.
E a fama de milagreiro
Pelo sertão se espalhou.
Diziam que em plena seca
no céu azul trovejou,
e que apareceu nos galho
das árvores um orvalho
quando o santo espirrou.
Alguns levavam nas costas
uma grande cruz de enfeite,
outros cingiam na testa
um pouquinho de azeite.
Nesses dias de emoção
foi tanta fé no sertão
que choveu café-com-leite.
.............................................
[Fragmentos extraídos do cordel O Evangelho Segundo Zé Limeira, de Salatiel Ribeiro]
domingo, 2 de novembro de 2008
domingo, 26 de outubro de 2008
C a b r a V a l e n t e

Vou contar o meu valor
por ser extraordinário,
e dizer meus possuídos
por ser também necessário.
Se de repente eu morrer,
quem ficar pode fazer
bem feito meu inventário.
Primeiro eu quero contar
o quanto sou valentão,
quando entro numa luta
é triste a situação:
faço a maior bagaceira
no fim saio na carreira
levando as calças na mão.
Eu já entrei numa briga,
foi um serviço pesado,
lutei com mais de cinquenta
e nem me vi apertado.
Veja o que me aconteceu
tanto o povo me bateu
como eu saí apanhado.
Uma noite eu fui ouvir
certo tocador de fole
na volta encontrei um bicho
e o peste quase me engole.
Numa carreira danada
cheguei com a calça pesada,
escorrendo um mingau mole.
Já briguei com um guerreiro
de fama reconhecida,
eu me debati na espada
foi uma luta renhida.
Detonei um granadeiro
e somente com o mau cheiro
a luta foi decidida.
Nunca temi valentão
sempre fui peso pesado,
nunca encontrei um barulho
para me deixar de lado.
Uma vez lá no sertão
fiz parar um caminhão
mas fiquei arrebentado.
Andei num navio de guerra
tempo de revolução,
o navio entrou em luta
eu me escondi no canhão.
O artilhero chegou
sua peça detonou
e eu sumi na amplidão.
Lá em cima nas alturas
eu gritei: arre diabo!
fui cair dentro dos mares
dessa vez quase me acabo.
Digo sem pedir segredo:
me borrei todo de medo,
mas sou um sujeito brabo.
(Extraídos de Teres e Proezas, Enéias Tavares)
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
A MORTE DO PORCO ELIAS NARRADA POR DEUS

sexta-feira, 25 de julho de 2008
Engenho D'alma
Banda brasiliense que surgiu em 2001 e, depois de um brevíssimo canto, extinguiu-se como um anjo talmúdico na presença do Criador
"...a nostalgia dos dias olvidados" S.R.
"...a nostalgia dos dias olvidados" S.R.
sábado, 21 de junho de 2008
Charles Chaplin
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